Eu não posso, infelizmente, criar um “Manual para Compreender Ironias, Linguagem Figurada e Sarcasmos Sutis”. Sabem por quê? O sentido de uma ironia está mais no receptor do que no emissor; depende de algumas precondições que não são da minha escolha… Se escrevo que as manifestações de ontem foram organizadas pelo “MSP” — o “Movimento dos Sem-Político” —, é evidente que não estou anunciando a criação de um grupo formal ou algo assim. Estou é dizendo que os protestos não nasceram de nenhuma força organizada de oposição. Na verdade, se notaram, a oposição ficou longe das ruas. Estava negociando a nomeação da deputada Ana Arraes (PSB-PE), mãe do governador “governista” de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para o TCU, porque isso, para 2014, será importante blá, blá, blá, blá, blá, blá… Quem ainda tem saco pra isso? O toma-lá-dá-cá de sempre, o minueto asqueroso habitual… O TCU é um órgão de vigilância e assessoramento do Legislativo; o cargo está sendo negociado segundo as ambições dos que pretendem chegar ao Executivo.
Também não me apresentei como “líder” de nada. Era só o que faltava! Eu estimulo protesto contra o governo desde os 14 anos, desde quando isso rendia borrachadas e dava cadeia; desde quando fui “fichado” no Dops… Nem tinha barba ainda… No caso do governo petista em particular, bem, não acho que seja o caso de exibir credenciais, não é? Quanto à crítica de que o PT não inventou a corrupção… Huuummm… Escreverei a respeito em outro post. Não mesmo! Nem isso o PT inventou! A sua originalidade está em outro lugar. Já digo.
Escrevi, e sustento, que começa a surgir uma sincera indignação entre os brasileiros com o atual estado de coisas. Há algo novo por aí. Se vai dar em alguma coisa, não sei. Não sou adivinho. É claro que o Facebook ou o Twitter não substituem movimentos organizados para interferir no poder. Eles são um primeiro momento, o chamamento. Achar que as redes sociais fizeram a “revolução” no Egito ou na Líbia é uma tolice. A transformação efetiva requer ações organizadas, sim. Mas podemos estar diante de um primeiro momento; afinal, esses são os canais por meio dos quais milhares de pessoas podem e devem expressar seu inconformismo. Nas tiranias árabes, esses foram os primeiros canais da indignação porque inexistem instituições, liberdade, sociedade civil organizada etc. No Brasil, também recebem o primeiro grito de inconformismo porque os canais da democracia estão obstruídos ou pelo formalismo babaca das oposições oficiais ou pelo aparelhamento dos movimentos sociais promovidos pelas esquerdas.
AS PESSOAS DE VERDADE, VOCÊS, NÃO DISPÕEM DE OUTROS MEIOS PARA DIZER O QUE PENSAM. Se vocês forem procurar a associação de moradores do bairro, é bem possível que ela esteja aparelhada pela petezada. Essa gente aparelha até velório e batizado.
Uma coisa é certa: o que se viu ontem nas ruas incomodou muita gente — e não só do governo. Até mesmo certas lideranças da “oposição” que tinham como grande estratégia cooptar o PMDB, o PSB e afins para “mudar o Brasil” — com as mesmas companhias que fazem o Brasil que aí está — perceberam que estão ficando irremediavelmente velhas.
Não é um problema de idade cronológica. É UM PROBLEMA DE IDADE MORAL.
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