16/02/2012
às 20:50 \ Direto ao Ponto
O elenco sofre mudanças cosméticas a cada eleição, mas o roteiro é sempre o mesmo. Estrelada pelo segundo ano consecutivo por Dilma Rousseff, a Chanchada do Orçamento começa em fevereiro, com a mentira de sempre: o governo resolveu fazer dramáticos cortes no imenso bolo de dinheiro, reduzindo corajosamente as verbas reservadas a emendas parlamentares para preservar os investimentos. Enquanto o ministro da Fazenda explica que a medida contempla os interesses nacionais, deputados e senadores da aliança governista chiam, rosnam, urram ou miam. E os jornalistas federais ─ amparados em reportagens assinadas por gente que não duvida de nada ─ celebram o espetáculo da austeridade administrativa proporcionado pela supergerente que Lula inventou.
Como tem ocorrido desde 2003, todas as verbas serão liberadas até dezembro. Primeiro em conta-gotas, para garantir a aprovação de urgências particularmente caras ao Planalto e seus parceiros. Depois em boladas bilionárias de assustar maquinista de trem pagador, para que nenhuma cláusula do contrato de aluguel deixe de ser cumprida e se chegue ao final invariavelmente feliz ─ para os canastrões em cena. Enquanto os parlamentares governistas retribuem o pagamento dos atrasados com sucessivas cerimônias do amém, jornalistas federais, de novo com o endosso dos repórteres a favor, celebram a astúcia da superexecutiva que aprendeu com o padrinho como é que se faz política.
Como tudo que o Planalto patrocina, a Chanchada do Orçamento é uma tapeação de quinta categoria. É tão medíocre, redundante e tediosa quanto a performance dos profissionais das redações que, por vassalagem, esperteza ou idiotia, endossam sem reparos nem retoques as fantasias dos pais-da-pátria. O Brasil decente merece uma imprensa muito melhor. Os jornalistas federais e os repórteres a serviço do Brasil Maravilha têm a imprensa que merecem.
Por: Augusto Nunes.
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