Atenção, governo de São Paulo!
Cuidado com o que pode ser uma armadilha! Os petralhas querem convidar “todas as partes” envolvidas na desocupação do Pinheirinho para falar na Comissão de Direitos Humanos do Senado. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) fez a coisa certa e conseguiu convidar também protagonistas de eventos no Acre, no Piauí e na Bahia, que resultaram em três pessoas feridas gravemente — ficaram cegas de um olho em confronto com a PM — e fez aprovar ainda o convite para que se explique a reintegração de posse de uma área no Distrito Federal.
Ah, se sou eu…
Vamos ver. Eu duvido — e é a moral “deles” que me faz duvidar — que, caso ocorra a sessão sobre o Pinheirinho, as demais a ela se sigam. Trata-se apenas de um convite, de comparecimento não-obrigatório. Ora, o que recomenda o bom senso? Que se façam, então, os depoimentos ao menos da ordem em que se deram os fatos.
1 - Primeiro o Acre - Quem tem de falar primeiro são os representantes do governo do Acre. Têm de falar sobre a reintegração de posse de uma área na cidade de Brasiléia, ocorrida no dia 14 de julho de 2010. Dona Maria do Rosário, secretária nacional de Direitos Humanos, tem de explicar por que a sua pasta, que era ocupada por um companheiro seu à época, nunca se interessou pelo assunto. Uma bala de borracha deixou um índio cego de um olho. Dias depois, um dos líderes da invasão, em protesto na Prefeitura, foi atingido por uma pistola elétrica no pescoço. Caiu desmaiado. Onde estão os moradores da área invadida? Já receberam casas populares? Têm direito ao aluguel social? A corregedoria da polícia apura os abusos? Fizeram-se os boletins de ocorrência?
2 - Depois é a vez do Piauí - Ouvidas todas as pessoas sobre os eventos no Acre, é preciso seguir a ordem cronológica e ouvir as envolvidas nos episódios que resultaram na agressão ao estudante Hudson Silva, que também ficou cego de um olho, em Teresina, no Piauí. Ele protestava contra a elevação do preço da passagem de ônibus. O Acre é governado pelo PT; o Piauí, pela parceria PSB-PT. Assim como as esquerdas não se interessaram por um caso, também não se interessaram por outro. A apuração do que se deu no estado no dia 18 de janeiro tem precedência sobre o Pinheirinho porque a) aconteceu antes; b) teve efeitos mais graves, claro!
3 - Aí é preciso apurar o caso da Bahia - Ouvidos todos os lados ligados aos episódios do Acre e do Piauí, aí tem de ser a vez da Bahia — e isso não tem nada a ver com o terror ora vivido por lá. No dia 22 de janeiro, o mesmo da operação de reintegração de posse do Pinheirinho, em São Paulo, a PM da Bahia reprimiu um distúrbio acontecido durante num show do Olodum. A cozinheira Almerinda Santos das Neves também ficou cega de um olho. O padrão dos “companheiros” foi o mesmo. Nada de se interessar pelo seu caso. Até parece que, quando a polícia, sob a coordenação dos “progressistas”, fura o olho de alguém, o faz para promover, sei lá, justiça social…
4 - E que venha o Pinheirinho - E aí podem ser ouvidas, então, as pessoas envolvidas na desocupação de Pinheirinho, ocorrida no mesmo dia em que a baiana Almerinda perdia um olho. Por que, então, aquele caso vem primeiro? Ora, porque as conseqüências são mais graves.
5 - Finalmente, Distrito Federal - Ouvidas as personagens daqueles acontecimentos todos, chamem-se, então, representantes do governo distrital de Brasília, do governo federal e dos sem-teto para que falem sobre adesocupação da Fazenda Sálvia, no Distrito Federal, executada pelas polícias dos petistas Agnelo Queiroz e Dilma Rousseff. Autoridades do DF explicam, cheios de orgulho, a sua tática: combater a invasão tão logo ela ocorra, com a polícia, para que a Justiça não atrapalhe…
EncerroListo os eventos em ordem cronológica para expor, mais uma vez e sempre, a hipocrisia dessa gente. Preto, índio e pobre do Acre, do Piauí e da Bahia não são gente digna de nota, de afeto, de proteção, de solidariedade social??? Por que os petistas nunca se interessaram por eles e querem fazer de Pinheirinho o que não foi, a saber: UM MASSACRE?
Nada disso! Siga-se a ordem! Primeiro os sem-olho da repressão petista! E mesmo assim é preciso prudência: o governo tem maioria em todas essas comissões. Lamento! Ninguém quer apurar coisa nenhuma! E posso provar. Como?
O petista e negro Paulo Paim (PT-RS), autor do Estatuto da Igualdade Racial, é presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado. Não se mexeu para apurar as circunstâncias em que um índio e dois negros, todos pobres, perderam um olho. Por que não? Teria sido essa a sua reação se tais eventos trágicos tivessem acontecido num governo do PSDB ou do DEM? Não só se apontaria a “violência contra os pobres” como se falaria, sem hesitação, em racismo.
Alguém duvida?
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