Por Reinaldo Azevedo
José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, dá prosseguimento, em entrevista publicada hoje pela Folha, concedida a Fabia Prates e Plínio Fraga, a seu trabalho de terrorismo eleitoral, insistindo na mentira descarada de que o governo FHC preparava a privatização da Petrobras.
Ele não acrescenta uma miserável informação ou acusação novas à nota vigarista que já havia divulgado, e lhe conceder o espaço de uma entrevista corresponde a dar alcance a sua ação eleitoreira. O título da entrevista, diga-se, sem nem mesmo as aspas, confunde-se com uma informação objetiva, meramente referencial: “Governo FHC preparou privatização da Petrobras” (as aspas são minhas). O subtítulo (linha fina, no jargão) é usado para veicular mais terrorismo.
Num dado momento, os entrevistadores perguntam a Gabrielli se ele é favorável ao aborto. A pergunta, absurda em si, teria um propósito, revelado na questão seguinte. Explicam-se os entrevistadores da Folha a Gabrielli:
“O governo parece usar a questão da privatização do mesmo modo que setores conservadores colocaram o tema do aborto no debate eleitoral.“
Errado! À pergunta, classificada de “esdrúxula” pelos próprios jornalistas, juntou-se, então, uma consideração não menos esdrúxula. Não há um só indício de que o governo FHC tenha tentado privatizar a Petrobras (a menos que a Folha prove o contrário). O jornal, diga-se, dá a Gabrielli a chance de demonstrar onde estão esses sinais, e ele não consegue. A razão é simples: não existem. Já as evidências de que Dilma defendia a descriminação do aborto são muitas — a mais eloqüente delas apareceu numa entrevista à … Folha!!! Os blogs encarregaram-se de tirar aquela sabatina das catacumbas. A coisa estava mais escondida nos arquivos da Folha do que a ficha de Dilma nos arquivos do Superior Tribunal Militar, que o jornal tenta obter. Quase recorri à Justiça para a Folha divulgar o vídeo daquela sabatina (risos)… Além de defender a descriminação do aborto, Dilma também se diz socialista e se revela, assim, uma cristã politeísta…
Não, não são coisas opostas, porém combinadas, “terrorismos” equivalentes porque fundados em falsidades. Uma informação — a tentativa de privatizar a Petrobras — é falsa; a outra — Dilma defende a descriminação do aborto — é verdadeira. Por que mentira e verdade são juntadas numa mesma categoria?
A resposta está na questão proposta pelos entrevistadores: o aborto seria uma questão usada pelos “setores conservadores”. Logo, “setores conservadores” seriam aqueles aptos, desde a origem — e porque conservadores — a lidar com a mentira como se verdade fosse. Ocorre que o dado insofismável da realidade, seja você um “conservador” ou “um progressista”, é que FHC NÃO tentou privatizar a Petrobras e que Dilma É favorável à descriminação do aborto.
Para encerrar: do modo as coisas são apresentadas, parece que o “terrorismo com a Petrobras” é mera reação ao “terrorismo religioso” (se terrorismo fosse, claro!). Também isso é uma farsa: a tática petista é mais antiga; remonta a 2006.
Havendo falhas lógicas ou inverdades no meu texto, cartas para o blog.
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