12/10/2010
Por Reinaldo Azevedo
Eu também acho chato esse negócio de o PT ter transformado o aborto numa espécie de monotema da campanha. E por que age assim? Para tentar escamotear a real opinião de sua candidata a respeito. Ela é favorável a descriminação — e tem todo o direito de sê-lo; o que não é certo é tentar fingir uma opinião que não tem por causa da eleição.
O PT da Paraíba divulgou uma nota nesta terça repudiando manifestação do arcebispo Aldo Pagotto, segundo quem o PT tenta implantar “a cultura da morte” no Brasil”. O religioso se referia, obviamente, à legalização do aborto. Na nota, o partido se diz “profundamente comprometido com a vida e com políticas públicas humanistas”, citando como exemplos o Fome Zero e o Bolsa Família.
O que uma coisa tem a ver com as outras? A resposta: nada! Os religiosos estão se manifestando contra a opinião da candidata expressa em entrevistas, contra a militância em favor do aborto do Ministério da Saúde e da Secretaria das Mulheres e contra a proposta incluída do PNDH3, depois mitigada, mas não inteiramente revista. E estão lembrando qual é a diretriz do partido, explicitada na página 82 do das Resoluções do 3º Congresso, que todo militante — incluindo Dilma — têm a obrigação de defender: ali está a defesa do que o partido chama “discriminalização (sic) do aborto” (aqui).
E que se note: ATÉ AGORA DILMA NÃO SE DISSE CONTRA A DESCRIMINAÇÃO. E nem poderia, sem que pagasse um grande mico. Investe numa zona cinzenta do discurso: pessoalmente é contra, mas, como pessoa pública, etc e tal… A fala lembra a do democrata John Kerry, que disputou a Presidência dos EUA com George W. Bush em 2004. Indagado num debate se era contra ou a favor o aborto, afirmou que, “como católico, era contra, mas, como político etc e tal…” Enrolation! Indagado, Bush disse apenas: “Contra”. Levou!
Por Reinaldo Azevedo
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