SAMUELITA SANTANA
Lula e seu candidato Fernando Haddad não
constrangeram apenas a vice da chapa petista à prefeitura de São Paulo,
Luiza Erundina (PSB). Constrangeram o país. Não se pode, é óbvio, ir de
encontro a uma política de convergência – eu disse convergência – que
congregue pessoas ou partidos que somem uma estratégia com senso e
objetivos comuns. Mesmo que as tais bandeiras ideológicas tremulem em
lados opostos.
No cenário político dito moderno, tudo bem.
Questionável, pode até ser. O improvável, o impensável, o inimaginável é
que essas alianças em torno de um projeto de governo, que pretenda,
portanto, ganhar a confiança e o voto do eleitor, sejam firmadas com
grupos ou pessoas cuja história de vida não é bem uma história de vida. É
uma folha corrida. Inclusive de crimes contra o dinheiro público.
Ora,
deixa ver se eu entendi. O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula
da Silva, insistiu, buscou, articulou, negociou e deu visibilidade a um
acordo que traz para o barco da campanha do seu apadrinhado Fernando
Haddad a um provável governo paulista a figura suspeita do senhor Paulo
Maluf? É isso? Estou falando do homem, cujo Supremo Tribunal Federal –
STF, recentemente, acatou a denúncia de lavagem de dinheiro contra ele,
sua mulher e seus quatro filhos, que passaram a ser réus em ação penal.
A
listinha de acusações contra o sujeito é bem quilométrica. Maluf tem
bens bloqueados no Brasil e prisão decretada pela Interpol em 181
países. Se entrar em qualquer um deles, vai ouvir: “ teje preso”. No
momento, Maluf e a mulher não estão respondendo por crime de formação de
quadrilha porque já passaram dos 70 anos. A velha idade lhes salvaram.
Diante
de tudo isso e um pouco mais que as nossas vãs mentes não alcançaram
nem nossos olhos viram, presenciar o ex-presidente Lula adentrar a rica
mansão de Maluf, posar para belas fotos e trombonear para a imprensa
falada, escrita e televisada que malufou e que o tem agora como aliado, é
o mesmo que constatar que a desfaçatez tomou uma dimensão tão
cristalizada nos meandros políticos que corrupção, desvio, roubo,
suborno, lavagem de dinheiro e tráfico de influência não mais
representam qualquer empecilho para os que querem chegar ou continuar no
poder.
Ao contrário, diante da perplexa indignação do povo, cujo
pensamento e sentimentos jaz ignorados, a casta exibe-se sem ruborizar,
carimbando o Brasil como uma real e típica “república de bananas”. E
Viva o povo brasileiro!
Nenhum comentário:
Postar um comentário