sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Sorria, aqui tudo é alegria


Por Carlos Brickmann
Se o caro leitor não puder almoçar seu arroz com feijão, salada, bife e sobremesa, resolva o problema com uma folha de alface, duas ervilhas e um grão de milho. Pode não ser satisfatório, mas o caro leitor não deixou de almoçar. Se o caro leitor ganha muito pouco e está abaixo da linha da pobreza, resolva o problema com as estatísticas do Governo Federal: de acordo com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da presidente Dilma Rousseff, quem ganha mais de R$ 291 mensais integra a classe média. Assim foi possível fazer com que 35 milhões de brasileiros se alçassem à classe média nos dez anos de Governo petista.
É simples assim: uma pessoa não precisa ganhar mais de dez reais por dia para entrar na classe média. Um casal que ganhe, em conjunto, R$ 582 mensais será também de classe média.
Pronto: no Brasil, só é pobre quem quer.
Mas há limites para ser de classe média. Quem ganhar a partir de R$ 1.019,10 por mês será de classe alta. A história de achar que classe alta é coisa para Eike Batista está errada: neste país em que se plantando tudo dá (especialmente notícias), até professor, mesmo ganhando o que ganha, pertence à classe alta. O pessoal que tem recursos para comprar deputado mensaleiro, dar carona de jatinho a quem toma decisões sobre concorrências, fotografar a esposa usando sapatos de sola vermelha, esse nem chega a ter classificação. Político corrupto, dos que trocam apoios por Ministérios, está tão alto que a verdade se restabelece sozinha: este não tem classe, nem categoria.
A classe média (de verdade) paga a conta.

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