O eleitor – se não é
um analfabeto político e vice-versa ou um apaniguado da situação – há de
questionar o que vai por trás das coligações. Em tese, elas integram forças
partidárias com vistas a um só objetivo: a vitória dos aliados.
Seriam legítimos os
objetivos não fossem espúrios os meios e os fins. Há legendas e candidatos de
aluguel que mais funcionam como rameiras a ceder o passe e otras cositas más para quem
der mais. Sob muitas coligações, o que há de fato é formação de quadrilha. Um
coletivo de reputações e vocações, senão suspeitas, agremiadas por motivos
réprobos. Atendem apenas a interesses mais imediatos de determinados
candidatos.
Quanto mais
coligações em torno de um partido e de um candidato, mais interesse em jogo. Na
prática, após as eleições, significa que a incompetência será premiada.
Afilhados políticos e candidatos a vereadores que não conseguem se eleger, mas
fazem parte das coligações, os ditos ‘puxadores de voto’, já têm uma boquinha
garantida com a eleição do prefeito que apoiam. Passam a ocupar cargos de
confiança em detrimento de funcionários de carreira e em prejuízo do serviço
público. Resultado: um cabidaço de empregos, que incha a administração, onera a
folha de pagamento, cria barnabés, fertiliza o fisiologismo e a prevaricação,
gera mais burocracia e o desperdício do dinheiro público.
Tanta mamata e
maminha engrossam o caldo que fomenta a corrupção, cujos efeitos negativos se
espraiam pela sociedade, especialmente nos municípios, onde as câmaras de
vereadores constituem o poder mais corrupto.
Para se ter uma noção
do engodo e da lambança, o professor Marcos Fernandes Gonçalves, da Fundação
Getúlio Vargas, autor de A Economia
Política da Corrupção no Brasil (Editora Senac) mostra que o impacto da
corrupção nas contas públicas corresponde a 0,5% do PIB, que só em 2005 atingiu
R$ 1,93 trilhão. Vou repetir: R$ 1,93 trilhão. Imagine, de lá para cá, esse
valor atualizado. A Controladoria Geral da União (CGU) estima que a corrupção e
a inépcia nas prefeituras desviam mais de R$ 20 bilhões por ano dos cofres
públicos (clique para ver).
A origem e o custo da
corrupção estão nas bases. Sim, para Brasília – Presidência da República,
Câmara dos Deputados e Senado – convergem as atenções, é a vitrine política do
país. Bastante embaçada por sinal. Mas a árvore começa pelas raízes e a raiz da
corrupção está nos municípios brasileiros. O eleitor é sempre vítima (útil e
preferencialmente desinformada) ou cúmplice – quando voluntariamente endossa o
clientelismo das coligações nas urnas, ao ceder ao favorecimento de políticos
em troca de apoio para suas campanhas.
Então analise
profundamente as COLIGAÇÕES. E VOTE CONSCIENTE.
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