sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ATÉ QUANDO ISTO VAI DURAR?

Por Reinaldo Azevedo

Em entrevista a um portal de Internet, Lula, o decoroso, declarou, pouco antes de demitir Erenice Guerra: “Quando a gente está na máquina pública, não tem o direito de errar. E, se errar, a gente tem de pagar”.

Uau! Que homem público exemplar! É por isso que os mensaleiros e aloprados foram todos punidos, certo? Algum apressadinho poderia protestar: “Mas isso é com a Justiça; ele não tem culpa se ela é lenta!” Uma ova! O partido poderia ter-se livrado dos malfeitores. E não o fez. Ao contrário: passou a mão na cabeça de todos eles,.

Mais do que isso. A evolução do caso do mensalão comprova a seriedade da fala de Lula: ele começou se dizendo traído, passou a chamar tudo de mero caixa dois e agora está na fase da negação. Nos palanques Brasil afora, chama as acusações — COMPROVADAS — de “tentativa de golpe”. A ser assim, o STF está processando 39 inocentes, vítimas das oposições. Tenha paciência!

A depender do desdobramento do escândalo de agora, fará o mesmo. E ninguém vai pagar nada! Pegue-se o caso da Receita. Otacílio Cartaxo já deveria ter ido para a rua há muito tempo. E, no entanto, está no posto. Sobram evidências de que a máquina oficial opera para que não se chegue a lugar nenhum.

Lula identificou no episódio um potencial de desgaste e está atuando preventivamente, ainda um tanto acuado. Mais: não sabe o que vem por ai. Vamos ver quanto tempo demora para subir num palanque e afirmar que tudo não passa de uma grande conspiração contra o seu virtuoso governo.

Só para encerrar: diverte-me a informação de que o Planalto não gostou daquela nota agressiva de Erenice. Não? O que foi que ela disse que já não tenha sido dito com ainda mais estupidez pelo próprio presidente da República? Ora, ele tinha acabado de pedir que se “extirpasse” um partido de oposição. Ele comandou a “reação”.

Digamos que ela tenha feito aquilo sem consultar ninguém (o que é cascata)… Estava apenas seguindo o exemplo do chefe, que agora se sai com a máxima acaciana de que os responsáveis devem pagar. Em Roma, Erenice achou que poderia imitar César.

A gente sabe que Lula não está falando a sério.


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